A Cidade do pintor Cândido Portinari anseia por investimentos culturais. resta-se o Museu Casa de Portinari, que sustenta status
Acidade turística Brodowski, antes comarca de Batatais, região de Ribeirão Preto (SP), mesmo com o Museu Casa de Portinari, necessita de investimentos na cultura, lazer e esporte. As raízes culturais estão se perdendo, cedendo lugar a uma nova geração carente de investimentos.
A casa onde morou o pintor da segunda geração do modernismo brasileiro, de mais relevância na década 1940, foi tombada em 1968 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e transformada em museu com acervo de objetos, obras de artes, histórias, poemas, fotografias, cópias de documentos e preservação do jardim o Dio do pintor e de toda a sua família. Já recebeu turistas brasileiros e de vários países do mundo, desde pessoas comuns a famosas: políticos, atores,
escritores, apresentadores, músicos, cineastas, entre outros. O Museu fica
aberto de segunda-feira a domingo e não abre em feriados nacionais e
municipais.
O Museu não é o suficiente, faltam investimentos que
favoreçam o bem estar social de mais de 22 mil habitantes. Aquela cidade onde
colocar cadeira na porta de casa para dialogar com os vizinhos a luz da lua,
andar pelas praças Cândido Portinari ou pela Principal Martins Moreira em
volta do coreto, tornou-se perigosa por conta de roubos e violências, além dos
andarilhos que ocupam os bancos das praças como moradias e a falta de guarda
municipal para ajudar na segurança e preservação dos patrimônios públicos, por
se tratar de uma cidade turística.
Os grupos de fanfarras formados pelos humildes da
época, não existem mais. Para confraternizações como 22 de Agosto, aniversário
do Município, é preciso contratar a banda sinfônica de Batatais (SP) ou de
outras cidades. Os carnavais de rua acabaram, “foram substituídos por outro
inexistente” segundo uma senhora (83) aposentada, que não quis se identificar.
O Circo do Biriba, do então palhaço Biriba perdeu o poder de persuadir,tirar risos fáceis, perdendo espaço para outros circos e parques
de diversões menores.
A antiga estação ferroviária foi dividida em duas partes, a primeira
tornou-se o atual Terminal Rodoviário Primo Baggio e a outra foi restaurada e
construída em volta a Praça das Artes, com obras do artista plástico Adélio
Sarro inaugurada no dia oito de Outubro de 1994, no centenário da estação do
engenheiro Brodowski. Falta-se manutenção, limpeza e preservação das obras.
Com a falta de opções, anciões de classe alta e média buscam nos
clubes Terceira Idade, Bandeirantes e 22 de Agosto, diversões, filmes,
músicas, bingos, bordados entre outros na intenção de conservar a cultura.
Enquanto que a outra parte da população não tem opções, a não ser o Clube do
Trabalhador que está passando por reformas depois de anos, ao receber do
Governo do Estado 300 mil para revitalização de três piscinas, sendo duas rasas
e uma olímpica, tomadas por lixos, terras e galhos de árvores. As quadras
externas, os quiosques, as arquibancadas fixas em volta da arena de rodeio e
toda a área verde estão abandonadas, servindo para jovens usuários de drogas.
“Não
temos lugares para lazer, há alguns clubes, mas só para riquinhos. Antes o
clube era muito bom, mas depois que morreu um mano na piscina, parou de funcionar”,
declarou um jovem, com aparência de 26 anos, que usava entorpecentes, junto a
outro de 14 anos, que não se identificaram. O
Vice-prefeito José Luiz Peres justificou que o município não tem verbas
suficientes para altos investimentos, que os últimos prefeitos deixaram a
desejar, mas, já conseguiu construir a Academia ao ar livre, a Academia de
Modalidades Esportivas, a pista de skate, a praça de alimentação (retirando as
barracas que ficavam em volta da praça municipal e da rodoviária), o Cine
Clube também dentro da rodoviária com uma cafeteria, e conseguiu verba de 300
mil do Governo do Estado para reformar as piscinas do Centro dos Trabalhadores.
O
Crítico visitou o cinema citado por Peres, o Cine Clube: espaço menor que uma
quadra de vôlei, parede do fundo branca por onde se passam os filmes, cadeiras
de plástico, com a cafeteria ao fundo. Presenciou no local o momento exato em
que uma criança e uma adolescente perguntaram ao dono da cafeteria e zelador
do local se haveria filme, como resposta “não há nenhuma programação”.
Roberto Morando Videira, Coordenador do Turismo, faz parte da
Associação Cultural Cinematográfica e Teatral de Atores e Universitários de
Brodowski e Região, onde participa de filmes amadores de curta e longa metragem
como ator, junto com o vice-prefeito e dono da TV Educativa, canal 31 de
Brodowski “Meu desejo é a construção de um anfiteatro na cidade. Foi construído
o Cine Clube aqui na rodoviária, mas é um lugar pequeno sem muita estrutura.
Ele ajudará e muito nas gravações dos filmes amadores os quais participam 80
pessoas: pedreiros, pintores, vendedores... Teremos apresentações teatrais, e
servirá também como um meio de entretenimento para todos”.
Nos sábados e domingos à noite, a Avenida Floriano Peixoto no
centro comercial é o lugar que resta para a grande massa, já, que os
investimentos não correspondem à quantidade de habitantes. Carros de todos os
estilos e potências de sons animam a avenida principal. Para quem deseja
eventos diferentes, necessita buscar em cidades vizinhas, como Batatais,
Ribeirão Preto, Franca.Privilégio das classes dominantes e prejuízo às crianças
e adolescentes que crescerão de uma cultura inferiorizada.
Uma
senhora que não quis se identificar por ser mal vista por políticos, disse que
os únicos eventos que ocorrem na cidade são para meia dúzia desses políticos criticou
o comportamento do modernista perante a sua terra natal “Portinari morava no
Rio de Janeiro e quando vinha passear em Brodowski, dificilmente alguém o
via. Ficava lá entocado naquela casa (hoje museu) e não saia por nada. Era empregada
na casa de um amigo dele. Na época vaziamos café no fogão a lenha, ainda não
existia garrafa térmica, então fazíamos o café no bule e deixávamos sobre o
fogão com um pau de lenha aceso para manter a temperatura, e todos íamos
deitar, até a mulher do dono da casa. Ele chegava lá para às 23 horas e ficavam
conversando até altas horas. Jamais o vimos, conheci-o apenas pela voz. Aqui
todo mundo sabe que ele nunca apareceu para ninguém só o nome dele mesmo que
representa a cidade”.
Os impostos adquiridos pela cidade gira em torno do comercio e
das fabricas de costuras. A área da construção civil é deficiente em mão de
obra qualificada, os profissionais da área migram para Ribeirão. Muitas vezes
é preciso pagar anúncios radiofônicos, em busca dos mesmos.
A
cidade esta necessitando de uma nova política para se devolver o mais rápido
possível. A saúde, educação e principalmente a cultura estão em estado de
emergência e crescimento. Afinal, só um museu não resolve.