terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Brodowski de Portinari

A Cidade do pintor Cândido Portinari anseia por investimentos culturais. resta-se o Museu Casa de Portinari, que sustenta status

Acidade turística Brodowski, antes comarca de Batatais, região de Ribeirão Preto (SP), mesmo com o Museu Casa de Portinari, necessita de investimentos na cultura, lazer e esporte. As raízes culturais estão se perdendo, cedendo lugar a uma nova geração carente de investimentos.
A casa onde morou o pintor da segunda geração do modernismo brasileiro, de mais relevância na década 1940, foi tombada em 1968 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e transformada em museu com acervo de objetos, obras de artes, histórias, poemas, fotografias, cópias de documentos e preservação do jardim o Dio do pintor e de toda a sua família. Já recebeu turistas brasileiros e de vários países do mundo, desde pessoas comuns a famosas: políticos, atores, escritores, apre­sentadores, músicos, cineastas, entre outros. O Museu fica aber­to de segunda-feira a domingo e não abre em feriados nacionais e municipais.
O Museu não é o suficiente, faltam investimentos que favore­çam o bem estar social de mais de 22 mil habitantes. Aquela ci­dade onde colocar cadeira na porta de casa para dialogar com os vizinhos a luz da lua, andar pelas praças Cândido Portinari ou pela Principal Martins Morei­ra em volta do coreto, tornou-se perigosa por conta de roubos e violências, além dos andarilhos que ocupam os bancos das pra­ças como moradias e a falta de guarda municipal para ajudar na segurança e preservação dos pa­trimônios públicos, por se tratar de uma cidade turística.
Os grupos de fanfarras for­mados pelos humildes da época, não existem mais. Para confra­ternizações como 22 de Agosto, aniversário do Município, é pre­ciso contratar a banda sinfônica de Batatais (SP) ou de outras ci­dades. Os carnavais de rua aca­baram, “foram substituídos por outro inexistente” segundo uma senhora (83) aposentada, que não quis se identificar. O Circo do Biriba, do então palhaço Biri­ba perdeu o poder de persuadir,tirar risos fáceis, perdendo espa­ço para outros circos e parques de diversões menores.
A antiga estação ferroviária foi dividida em duas partes, a pri­meira tornou-se o atual Termi­nal Rodoviário Primo Baggio e a outra foi restaurada e construída em volta a Praça das Artes, com obras do artista plástico Adélio Sarro inaugura­da no dia oito de Ou­tubro de 1994, no cen­tenário da estação do engenheiro Brodowski. Falta-se manutenção, limpeza e preservação das obras.
Com a falta de opções, anciões de classe alta e média buscam nos clubes Terceira Idade, Bandei­rantes e 22 de Agosto, diversões, filmes, músicas, bingos, borda­dos entre outros na intenção de conservar a cultura. Enquanto que a outra parte da população não tem opções, a não ser o Clu­be do Trabalhador que está pas­sando por reformas depois de anos, ao receber do Governo do Estado 300 mil para revitalização de três piscinas, sendo duas ra­sas e uma olímpica, tomadas por lixos, terras e galhos de árvores. As quadras externas, os quiosques, as arqui­bancadas fixas em volta da arena de rodeio e toda a área verde es­tão abandonadas, servindo para jovens usuários de drogas.
“Não temos lugares para lazer, há alguns clubes, mas só para ri­quinhos. Antes o clube era muito bom, mas depois que morreu um mano na piscina, parou de fun­cionar”, declarou um jo­vem, com aparência de 26 anos, que usava entorpecentes, junto a outro de 14 anos, que não se identificaram. O Vice-prefeito José Luiz Peres justificou que o município não tem verbas suficientes para altos investimentos, que os últimos prefeitos deixaram a desejar, mas, já conseguiu construir a Acade­mia ao ar livre, a Academia de Modalidades Esportivas, a pista de skate, a praça de alimentação (retirando as barracas que fica­vam em volta da praça municipal e da rodoviária), o Cine Clube também dentro da rodoviária com uma cafeteria, e conseguiu verba de 300 mil do Governo do Estado para reformar as piscinas do Centro dos Trabalhadores.
O Crítico visitou o cinema ci­tado por Peres, o Cine Clube: es­paço menor que uma quadra de vôlei, parede do fundo branca por onde se passam os filmes, ca­deiras de plástico, com a cafete­ria ao fundo. Presenciou no local o momento exato em que uma criança e uma adolescente per­guntaram ao dono da cafeteria e zelador do local se haveria filme, como resposta “não há nenhuma programação”.
Roberto Morando Videira, Coordenador do Turismo, faz parte da Associação Cultural Ci­nematográfica e Teatral de Atores e Universitários de Brodowski e Região, onde participa de filmes amadores de curta e longa metra­gem como ator, junto com o vice­-prefeito e dono da TV Educati­va, canal 31 de Brodowski “Meu desejo é a construção de um an­fiteatro na cidade. Foi constru­ído o Cine Clube aqui na rodo­viária, mas é um lugar pequeno sem muita estrutura. Ele ajudará e muito nas gravações dos filmes amadores os quais participam 80 pessoas: pedreiros, pintores, ven­dedores... Teremos apresentações teatrais, e servirá também como um meio de entretenimento para todos”.
Nos sábados e domingos à noite, a Avenida Floriano Peixoto no centro comercial é o lugar que resta para a grande massa, já, que os investimentos não correspon­dem à quantidade de habitantes. Carros de todos os estilos e po­tências de sons animam a aveni­da principal. Para quem deseja eventos diferentes, necessita bus­car em cidades vizinhas, como Batatais, Ribeirão Preto, Franca.Privilégio das classes dominantes e prejuízo às crianças e adoles­centes que crescerão de uma cul­tura inferiorizada.
Uma senhora que não quis se identificar por ser mal vista por políticos, disse que os únicos eventos que ocorrem na cidade são para meia dúzia desses polí­ticos criticou o comportamen­to do modernista perante a sua terra natal “Portinari morava no Rio de Janeiro e quando vi­nha passear em Brodowski, di­ficilmente alguém o via. Ficava lá entocado naquela casa (hoje museu) e não saia por nada. Era empregada na casa de um amigo dele. Na época vaziamos café no fogão a lenha, ainda não existia garrafa térmica, então fazíamos o café no bule e deixávamos so­bre o fogão com um pau de lenha aceso para manter a temperatura, e todos íamos deitar, até a mulher do dono da casa. Ele chegava lá para às 23 horas e ficavam con­versando até altas horas. Jamais o vimos, conheci-o apenas pela voz. Aqui todo mundo sabe que ele nunca apareceu para nin­guém só o nome dele mesmo que representa a cidade”.
Os impostos adquiridos pela cidade gira em torno do comer­cio e das fabricas de costuras. A área da construção civil é defi­ciente em mão de obra qualifica­da, os profissionais da área mi­gram para Ribeirão. Muitas vezes é preciso pagar anúncios radiofônicos, em busca dos mesmos.
A cidade esta necessitando de uma nova política para se devol­ver o mais rápido possível. A saúde, educação e principalmen­te a cultura estão em estado de emergência e crescimento. Afi­nal, só um museu não resolve. 


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